Os professores e suas odisseias

Por Renato Spadini Jr.
Professor de História formado pela PUC

Ser professor hoje é uma grande Odisseia, só que a chances de se voltar para casa são e salvo, são muito menores do que as chances que Ulisses teve. Hoje o professor enfrenta as mazelas e penúrias muito maiores que as do herói mitológico. Ciclopes, feiticeiras, redemoinhos e sereias, que comparados ao que vivemos hoje, são dóceis bichinhos, diante do desinteresse dos alunos; a falta de organização e sucateamento das escolas públicas; a corrupção de diretores, dirigentes e as ambições políticas de secretários da educação e governadores.

Enfrentam ainda o descaso da população; a falta de formação, a falta de competência e de vontade de muitos que se apresentam como professores, e claro… A pior de todas desgraças: a Covid-19, que mata, literalmente, centenas de professores!

Junto com o Corona Vírus,  vem também, essa bizarra e fúnebre insistência do governador João Dória, só não vou chamá-lo de mediato, por que o mito é outro,  em enviar professores para aulas presenciais, pois “a educação é essencial” sendo que nunca, aos menos nós últimos 25 anos, foi tratada dessa maneira, mas, como nesse momento gera bônus eleitoral, virou essencial, algo semelhante as ilusões e feitiços de Circe!!!

Esses “monstros” são muito piores que os seres fantásticos de Homero. Talvez nós professores, nunca cheguemos a Ítaca e talvez jamais recuperemos nosso trono ou abraçarmos nossa Penélope! O que nos resta é cair lutando, como Nestor, morrer pelo que se ama, sucumbir acreditando que se fez o melhor, o justo, o digno! Mesmo sabendo que a vitória final não existirá, e é aí que nos distanciamos definitivamente do Odisseu!

Afinal, quem rege a batalha é Ares e não Atena! E nenhum outro deus, interfere ou luta por nós! Não há justiça e pouquíssima glória nessa batalha desigual e feroz, pela sobrevivência material e o desenvolvimento intelectual. Ser professor é padecer, sozinho, no Tártaro!

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